quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Problema de expressão

E cruzo-me contigo para escrever a primeira página do primeiro capítulo de um livro charmoso e bem paginado ao qual, um dia, daremos um nome invulgar. Colas as imagens num espaço sem referentes e esquissas desenhos a eixo na minha folha branca. O nosso universo tem um corpo maior do que o orvalho daquela noite e o nosso fundo assenta na massa que tu tratas de colorir quando pousas esses olhos honestos sobre mim. Há uma paleta de aspirações que nos acompanha, alinhada com dois retratos de receios, em cada linha deste texto. Vamos deixá-los respirar, por agora, no verso de um vestibular sem edição. Os teus braços vão levar-me ao colo desde o meu índice até ao teu infinito, donde partiremos, sem alinhamento, para mais além. A minha prosa com a tua, tipo poesia selvagem, não tem parágrafos nem expressão. Será impressa assim mesmo, numa tela interdita sem margem e sem sangramento. Onde guardas, ao mesmo tempo, o meu problema e a minha solução.