E cruzo-me contigo para escrever
a primeira página do primeiro capítulo de um livro charmoso e bem paginado ao
qual, um dia, daremos um nome invulgar. Colas as imagens num espaço sem
referentes e esquissas desenhos a eixo na minha folha branca. O nosso universo
tem um corpo maior do que o orvalho daquela noite e o nosso fundo assenta na
massa que tu tratas de colorir quando pousas esses olhos honestos sobre mim. Há
uma paleta de aspirações que nos acompanha, alinhada com dois retratos de
receios, em cada linha deste texto. Vamos deixá-los respirar, por agora, no
verso de um vestibular sem edição. Os teus braços vão levar-me ao colo desde o
meu índice até ao teu infinito, donde partiremos, sem alinhamento, para mais
além. A minha prosa com a tua, tipo poesia selvagem, não tem parágrafos nem
expressão. Será impressa assim mesmo, numa tela interdita sem margem e sem
sangramento. Onde guardas, ao mesmo tempo, o meu problema e a minha solução.