segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pretending

Nesses que fingem já não se crê mais.
Fingindo, assim, ser alheio a fingimentos e outras coisas que tais.
Das máscaras trémulas que insistem assumir,
Dos momentos de susto em que as deixam cair,
Sobra apenas o cenário, iluminado ou obscuro, em que decorreu a cena.
Antes guardassem a arte para o palco, para o ecrã da TV ou para a tela de cinema.
Perde-se a crença entre as vis intenções.
Vale mais ceder à pressa das primeiras impressões,
Do que embarcar na mentira de um riso forçado,
Do que manter o elo de um gesto embaraçado,
De um fundo baço e sem conteúdo,
Apelo do acaso fortuito de um ego miúdo,
Mergulhado no óleo obtuso de querer parecer.
Esta vida encardida não é o que poderia ser,
Mas tão somente uma ilusão vadia,
Impressa em folhas de resolução fugidia,
Rumo ao amanhã de entrada pequenina,
Onde a esfera que roda fica aquém do que se imagina.
Nessa dança tonta das múltiplas identidades,
Não se joga a favor de todas as possibilidades,
Apenas daquele imperioso e preciso momento,
Em que a verdade da sombra feliz ultrapassa a barreira do fingimento.

1 comentário:

  1. (...)
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente...

    C (luar)

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