sexta-feira, 5 de março de 2010

É bom, não foi?

Um dia destes comprou um saco de bolachas de canela embaladas individualmente. Daquelas perfeitas para ir trazendo na carteira. Atentas para distrair um qualquer apetite fortuito. Lá quedaram ansiosas as caladas bolachinhas. Nessa mesma tarde havia de ir esvaziando um a um os pacotinhos. Voraz, ruidosa e desesperadamente. Um apetite gratuito de não deixar esperar pelo gerúndio esquecido da carteira. Não chegaram as tais bolachas ao dia seguinte. Tantas vezes a fome sedenta não faz da vida uma enorme bolacha de canela. Enclausurada num abafado pacotinho individual pronto a rasgar. Sucumbindo aos aterradores apetites de impaciência desesperada. Impetuosa, irreflectida, inadvertidamente. Não fosse o próprio universo um humano esfomeado, a rebelar-se em intempéries, tempestades, erupções. Não fosse o impulso temperamental o prólogo suspiro da implosão.

1 comentário:

  1. Uma verdadeira intempérie foi o que o meu estômago (e outros órgãos subjacentes, mais próximos da recta final) sentiu, depois de devorar 6 desses pacotinhos individuais, mas em vez de canela e massa estaladiça, são uma espécie de bolo de uva, húmido, absolutamente viciante e escorregadio da All- Bran. Perdoa o vocabulário +18...deve ser da hora:)

    ResponderEliminar