domingo, 27 de fevereiro de 2011

Elasticidades

Duas pessoas seguram um elástico. Cada qual suporta uma ponta desse fio. Quanto mais esticado estiver esse elástico, mais firme terá de ser o pulso das duas pessoas. Se uma delas se descuidar, mais a outra se magoará. Esta é, para mim, uma boa imagem para definir uma relação. Um jogo de confiança que é tanto mais perigoso quanto mais estreito se torna. Uma dinâmica em que duas pessoas vão definindo diversos comprimentos de ligação, usando de um canal de transmissão para interagir entre si. Um compromisso em que cada um se propõe segurar a sua ponta, criando um laço com o outro e envolvendo-se na promessa de evitar de o largar.
Um elástico é um objecto que serve bem a mudança, os ajustes e as adpatações que a vida exige. Se as relações forem um elástico que duas pessoas seguram, então cada um de nós habita uma teia, um novelo de fibras mais ou menos flexível. Um sistema complexo de malabarismo de responsabilidades em que uns vão, certamente, cair e outros têm, seguramente, de ficar. É necessário prevenir a dor das quebras, usando a elasticidade acompanhada de um tónico de amor próprio. Seguraremos esse fio com a força que suporta o vínculo mais elementar. O desafio é decidir até onde nos deixamos esticar.

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