terça-feira, 12 de julho de 2011

Paradise lovers

Sabes, durante estes anos tenho-me sentado à mesa com outras pessoas. O mesmo duelo desnudo entre dois que se dão. Olhos nos olhos, degladiam-se as vontades do mundo e os votos profundos de cada qual. Uma ponte entre duas ilhas desabitadas donde desembarcamos, por momentos, sem nós. No início é sempre igual, os copos cheios. As almas vazias.
Acabei por te encontrar antes de terem passado vinte anos. As explicações podem ficar noutro tempo, em cima de uma mesa qualquer. O mesmo absurdo que despachou a nossas malas para parte incerta, veio depositar-nos aqui. Talvez as fantasias se tenham dissolvido no líquido em que afogámos as mágoas. Outros sonhos náufragos poderei devolver, embrulhados em trovas, numa garrafa qualquer.
Durante anos, a mesma sensação de tontura. O poder invencível da partilha. Primeiro desfiamos as feridas mais graves da terra. Depois, desterrados de tudo, desafiamos a gravidade. Desfeitas as dúvidas, desmorona-se o corredor entre as margens. Cada um para o seu canal sem destino, isolado. No fim, sempre assim. Na extremidade das almas cheias, os copos vazios.

4 comentários:

  1. Parte das fantasias foram dissolvidas...
    Acredito que o desmoronamento não é inevitável. Talvez os alicerces das pontes construídas não tenham sido arquitectados de forma a suportar o peso de todos os desafios. Mas há margens que continuarão para sempre unidas por uma ponte inquebrável. No entanto, o equilíbrio do universo pede recompensa. Para que se crie uma ponte tão majestosa, é necessário derrubar outras.
    O maior dos desafios é tentar que a nossa não se derrube. Desafiemo-nos.
    Abraço.

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  2. A todo o tempo e em cada coisa. :)

    Beijo.

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