quinta-feira, 22 de março de 2012

morabeza

O mais certo é que a paz viva no outro hemisfério. E eu devia dar lá um salto. Voar daqui para fora e aterrar para lá da alfândega onde apreendem as complicações. Essa fronteira onde se esbate o inverno, onde se abatem as olheiras e se combatem as munições. Nesse dia havia de cair uma valente chuvada. E eu havia de sujeitar-me a ela como se a tivesse precipitado, como se não importasse mais nada. Livrar-me da palidez encardida, da razão da partida. Havia de me embriagar com o cheiro do ar até desconhecer a palavra chatice. E engolir um pirolito de especiarias, de meninice. Meter-me num pano colorido, dançar. Desabar os fardos sobre uma mala fechada, impermeabilizada de saudade. Arrumar as armas até um dia mais tarde. Deixar-me voltar.

2 comentários:

  1. Podias já estar a caminho e, depois de purgar o teu ser, absorvias toda aquela boa onda.
    E se precisares que te levem as malas ou segurem no guarda chuva conta comigo!! :)

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  2. :)
    Purgar. É essa a palavra deste texto.
    As minhas malas sou eu que tenho de carregar. E esta chuva teria de cair sem filtros, sem defesas, sem guardas.
    De qualquer forma, agradeço.

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