segunda-feira, 2 de abril de 2012

creep

O passado hostil é uma fechadura. Fica lá, enclausurado, desfalecido sobre a sua própria esterilidade, enegrecido pela sua própria escuridão, abandonado pela sua própria inutilidade. Fica lá, a mofar, nessa ala reservada às coisas medíocres, inferiores a cada uma e a todas as coisas. O passado violento é isso mesmo, uma porta fechada sobre si própria, uma realidade que não deve bater à porta de ninguém. Fica lá, naquela entrada que só serve para sair, numa ponte fantasma, quebrada, que só serve para desunir. Fica lá, numa sombra onde nunca faz luz, numa conta sem saldo. Dissolvido, insolvente. O passado vão é isso mesmo, um lugar onde não se quer ficar, uma dívida que não se quer cobrar, um pretenso caminho que nunca vai lá chegar.

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