terça-feira, 7 de julho de 2009

Ana Rute is coming to town

Tudo começa com um sussurro teimoso que chama repetidamente para o que tem de ser. E acaba com o crédito que é necessário dar.
O percurso faz-se por entre o riso sedutor dos atractivos e o tremer das pernas entre verdes medos e interrogações.
O percurso faz-se a sós com a imensa equipa de bastidores.
O percurso faz-se com a convicção de que será certo tudo o que possa haver de incerto ou mesmo de errado.
O território faz do estreante um estrangeiro que se perde no caminho para a rua onde mora.
Mas a casa já lhe pertence antes de ser sua, escolhe os que a habitam com a precisão de um sábio, cruza vidas e tem vontade própria, como as varinhas que indicam o seu mago.
O espaço é sempre anárquico e hostil para um estranho, um esquema organizativo complexo, profundo e perfeito para um velho conhecido. Um quadro sinuoso de quem é atento entre quem é distraído.
Para o infinito vira-se a bandeja colossal, o palco a que assistem absortos mil rostos de fachadas expressivas, olhares de centenas de luzinhas de presença, a plateia ideal para todo o tipo de espectáculos, sejam diálogos, monólogos ou silêncios.
E avança como um homem para uma mulher - convicto e seguro, apesar de na verdade desconhecer absolutamente onde se está a meter.
Acertar é uma possibilidade, não uma imposição.
Subitamente tudo faz sentido.
Já não importa se é chegar ou partir.
Ir não é despedida, é reencontro.

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