segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Admitida

Fecho o envelope dos papéis impressos e cheirar a novo e com eles abro a porta para o regresso dos meus incríveis. O estojo das canetas, o cabedal da pasta, os livros e os cadernos, o lápis afiado, o olho desafiado a coisas por saber.
Lembro-me daquele senhor no café. Sentado na mesa à direita. O médico que já não era médico, o doutor que ainda estudava como caloiro, eterno conselheiro gratuito entre as horas de palavras copiadas em cópias sempre novas de conhecer.
Até ao último dia entre os diagnósticos a todo o instante válidos em si mesmos, em mais ninguém necessariamente. Como o amor não depende das coisas de quem é amado, mas de quem ama, assim o saber não depende do texto ou do professorado, mas da vontade de aprender.
Os bancos de madeira, o ranger das tábuas por encerar, sentar-se perante o quadro imenso de universos por polir... Essa condição de aprendiz que está acima das tribos, das ciências, das modas, das gerações, das rupturas, dos tempos.
Conhecer, e sobretudo, fazê-lo independentemente, é a maior empresa a que é possível admitir-se.

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