sábado, 19 de setembro de 2009

Intelectualismos

Pesam, inevitavelmente, cada vez mais, os escalões hierárquicos de intelectos para os quais as referências culturais são o barómetro mais tentador.
- Conheces esta banda? Este livro? Este realizador?
Os chamados "obrigatórios" são usados como factor crítico de integração neste ou noutro patamar dos meandros sociais.
Diria eu, a cultura não deve servir de critério de seriação e nem, tão pouco, imiscuir os grupos da corrente open mind de serem tão ou mais ecléticos e verdadeiramente modestos do que toda a gente.
Entendo então que o paradigma cultural pode ser, neste ponto, e infelizmente, uma questão tão mais embrenhada de motivações grupais e influências recíprocas de referências comuns do que propriamente o interesse genuíno fruto do percurso individual de cada um.
Realizo, desta forma, com alguma decepção, que a maioria dos grupos de intelectuais, pseudo e afins, evocam cinema, literatura e discografia característica da mesma forma que um adolescente aficionado debita mecância e obedientemente a marca de jeans, ténis e penteado da sua integração e identificação geracional.
Como um bando de criativos de óculos de massa pode esperar um bolo diferente com os mesmos ingredientes... - que é, afinal, uma coisa tão pouco original.
Tão perto e tão longe dos grupos de senhoras maduras fãs de um ou outro cantor popularucho, defensoras do cubo mágico e acérrimas embaixadoras do tupperware.
Tão perto e tão longe do grupo de senhores maduros doutorados em sueca, especialistas do aftershave que arde e da previsão futebolística de bancada.
Pelos becos da teia deambulam de rótulo "sem rótulo" os outsiders, eternos ignorantes sem fundamento nem contexto, impossíveis de engavetar, imprudentes como um candidato independente às eleições que tem apenas duas opções - ser o esquecido dos protegidos ou o paraíso dos indecisos.

Sem comentários:

Enviar um comentário