quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Right to be Wrong

Digamos que cada um se compõe de um percurso bipartido e inflectido sobre si próprio, onde coexistem e combatem as duas almas em guerra de que falava o Jorge Palma. Nenhuma delas vai ganhar.
Entenda-se então que a especificidade de cada um reside na diferença, forma e dimensão do hiato entre o que é sabido e o que resta conhecer.
Árdua tarefa de construir um império com nexo e esforço de causalidade quando toda a ordem pragmática e muitas vezes dogmática do saber de hoje pode estar tão absolutamente despedaçada amanhã. E mais ainda quando a sapiência de que nos valemos hoje possa estar tão desfeita para os olhos de quem antes de nós tenha já conhecido esse amanhã...
Acabo por concluir de forma assaz embaraçada e surpresa que aquilo que em surdina nos une não será, inesperadamente, o mesmo tipo de conhecimento mas, por outra, fatalmente, o mesmo tipo de ignorância.
Mais curioso é que mesmo sendo a ignorância a companheira mais fiel de que cada um dispõe para percorrer as montanhas da vida, não será demais verificar que, mesmo assim, cada qual tem uma forma mais ou menos adúltera de a deglutir.
Tudo para dizer que, sendo ser pensante a todo alguém cabe ser também ignorante, supondo para isso a probabilidade de errar como a verdade mais fatídica... e a hipótese de acertar como a mentira mais onírica...

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