quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

M'aturar

E começa assim mais um ano entre os votos apressados do futuro e outras determinações de anos velhos que ficam sempre interminadas, encontrando assim a sua conclusão nesse irremediável ou remediado sem tempo a que a impossibilidade as sujeita. Entre o frio e a chuva, como alguém dizia, Janeiro demora. E parece que, até ser possível sobreviver a mais um, a vida não arranca. Tenho observado que o passar do tempo traz novos chuvosos e gélidos janeiros interiores que encontram o seu primeiro sintoma em fortuitas lágrimas que teimam em brotar em comemorações e ocasiões especiais. Parece o glorioso carregar ameno de rigorosos invernos passados que, já à lareira, ainda humedecem um último chorar. Parece que uma certa robustez antiga obriga a uma pontual consagração e tributo, começa a revestir todas as efemérides de mais qualquer coisa... para além da ligeireza do presente e a nebulosa do futuro. Parece que o início do ano já não pode mais vir só e uma certa armadilha mecânica não poderá jamais adulterar para zero o contador. Parece que toda a renovação sazonal demora em si num qualquer e pontual Janeiro que tarda em passar... (causa provável de precipitação impossível de s'aturar) ...residindo nele esta nova e genuína capacidade de m'aturar.

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