quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sementes dos Tempos

Faz agora um ano que cortou em abundância os já mudos cabelos longos. Haveria de ser indiferente ou não mais um corte, estando já tão surda a sua cabeça despenteada. Acaba por, pontualmente, proliferar na mansarda dos sonhos uma ou outra ponta espigada. Contra este ou aquele nó arrastado, que nem uma escovada teimosa pode desatar, não há outro remédio ou melhor esforço do que optar sem dó por cortar.
Faz agora um ano que nasceram em abundância novos melodiosos fios brilhantes. Haveria de ser indiferente ou não ouvir o seu tépido entrelaçar, estando já tão viva a sua cabeça alinhada. Acaba por, pontualmente, proliferar na varanda dos sonhos uma ou outra melena dourada. A favor deste ou daquele caracol engraçado, que nem um pente rigoroso pode travar, não há outro remédio ou melhor esforço do que atar ao Sol e admirar.
Faz agora um ano que olhou um ralo repleto de fios desertores. Haveria de ser indiferente ou não desesperar, sendo que uma vida é o terraço de uma cabeça de raíz preenchida. Contra este ou aquele vento enfadado, que insiste continuamente em soprar, há sempre o remédio e contínuo esforço de novas sementes a despertar.
Faz agora um ano que sonhou em abundância um ano melhor. Agora haverá de plantar mais um ano.... para o poder pentear.

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