quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mais cinco tostões

Um diálogo é, à semelhança de muitos outros insondáveis eventos da vida, um micro-mundo onde se deve depositar tudo o que se tem e findo o qual, invariavelmente, se perde e se ganha alguma coisa.
Nesse micro-mundo caminhamos de mãos dadas ou em facções apartadas, de olhos brilhantes ou de alma apagada mas nunca, nunca, nada fica como antes.
E nesse micro-mundo há também micro-ondas de descoberta e sensações que descogelam ou aquecem num instante, círculos em que nos damos prontos a servir.
E pode assistir-se a uma caminhada inteira a partir de um sofá almofadado, percorrer o universo num degrau gelado ou nos bancos de madeira entre livros, no corredor fortuitamente entre as horas ou de passagem pelas palavras surdas que já não resta dizer.
O diálogo conhece os mais avançados progressos da ciência... teletransportação de alta voltagem afectiva, ultrapassagem de geração por narração eloquente, imagiologia supra-espacial, metafísica intra-relacional, força motriz transfusional, implante onírico definitivo sem risco de incompatibilidade a nível global, de que todos são potenciais dadores...
E dos micro-momentos sobram macro-rescaldos de bonança, sobram mega-sorrisos e hiper-alívios, metro-ternuras que jamais terminam.
O resultado é um ilustre valor acrescentado sem taxa moderadora a acumular em suaves prestações de empática interlocução... grão a grão.

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