domingo, 21 de fevereiro de 2010

Entrudos

Entre tudo o que se veste e se despe, sobra a essência do disfarce.
Na busca do amor serpentinam as linhas sinuosas de tantas histórias de se lhe tirar o chapéu...
Dantes eram as noites regradas pelo cronómetro, regadas pela raça sedenta, desfilando pelos corredores da aventura dos mais tremendos e intensos bailes de sentidos.
Hoje são tão longas e intermináveis as noites de espera, brindadas pelo cáustico negro dos medos, passando o cortejo sem som e conteúdo por entre as vastas e sujas pistas vazias.
Já não se joga a feijões.
Da esperança alimentada permanece o voto pelo corso transparente e livre, despojado, tão menos alegórico, no qual a realidade se agiganta ante um universo pessoal recôndito que se recolhe para o acolher.
Do fundo das perguntas e respostas, mesmo entre os silêncios mais castradores e absurdos, permanecem vivos os fogos doutros carnavais.
Entre tudo o que se veste e se despe, possa a essência sobrevir o disfarce.

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