sábado, 4 de dezembro de 2010

El món són peces


Antoni Gaudí transformou o mundo sacralizado das linhas rectas num universo ondulado ao tamanho da nossa imaginação. Reinventou a verticalidade das grandes obras à medida do transferidor de que são feitos os ciclos. E pintou com cores os traços entre os quais nos havemos de cruzar. Porque nada do que é humano obedece ao esquadro austero da relação perpendicular, pode a arte habitar as curvas sinuosas de que são feitos os sonhos.
Para revestir esse óculo acidentado que tem vista para a nossa existência, vestiu as superfícies de pedaços de mosaicos destroçados perto de se voltar a encaixar. Como se repousassem numa varanda imensa virada para o que está para vir, os cacos partidos são em si uma unidade sobre a qual importa reflectir. Os bocados formam um sentido rebuscado que permite arredondar os cantos. Significam um objecto completo que não evitou de se partir.
A imperfeição é uma verdade solitária que nos esmaga em pedaços. Os caminhos são uma porta refractária difícil de alinhar. Como se toda a procura fosse uma parede ladrilhada, é preciso quebrar para ajustar.

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