Cheiro-te, enquanto passeias para além
das soleiras de outras portas, que não sabia entreabertas. Ouço-te, enquanto
revisitas recantos que julguei interditos. Vejo-te, refletido nas peugadas de
um novo caminho, que agora dá por si a identificar-te, a reconhecer-te, a
acenar-te. Assisto-te, enquanto escorres docemente pelas paredes estreitas dos
meus receios, pelos soalhos ruidosos dos meus sonhos, estendendo-te pelos
terraços abertos da minha ambição. E dou por mim a querer, secretamente, que
habites esta casa, que inundes tudo, e que encontres a clareira recortada onde
a doçura se aninha. Vem de lá a vontade de tocar-te, de respirar-te, de
embriagar-te. De ser de ti, nítida, nunca dantes como hoje e nunca tanto de
ninguém. O desejo de viver-te, enquanto a vida for nossa, neste terreno
revolvido, até onde queiramos semeá-lo e alagá-lo de uma nova amplitude.
Sorrir-te, sempre que o humor, cúmplice, vier despir os pudores. Descobrir-te,
sempre que me quiseres descobridora de ti. Abrigar-te, sempre que o meu colo
for lugar do teu refúgio. Ter-te, mesmo que te não saibas já meu. Mesmo assim.
Hoje mais do que ontem e como nunca dantes de ninguém.
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