terça-feira, 16 de junho de 2009

It takes two to...

Porque tantas vezes se desperdiçam pessoas para fazer vez de bengala, de escudo, de biombo, de galardão... como é bom saber estar só. Sem ninguém para se mostrar ou esconder, carregando o próprio peso, voando pelas próprias asas.
Porque tantas vezes só assim se descobre tudo o que se desconhece e se desvela o desconhecido com que dantes se mascarava.
Porque é bom, tão bom estar assim, tão pacífico e confortável, tão cómodo e silencioso que melhor mesmo só se...
Aparecer alguém.
Porque para certas coisas são precisos dois.
Porque para muitas coisas são mesmo necessários dois.
Na dança como na vida, a parelha sinuosa em que ninguém pode ser melhor, em que ninguém se sobrepõe.
Na química como na vida, dois átomos que no preciso minucioso comprimento de ligação formam uma susbstância superior à soma das partes.
Nas cerejas como na vida, o par que é comido de uma só vez, mais saboroso quando antes de mão dada podia ser um brinco em qualquer orelha.
Na dupla há dinâmica, acção, construção, recriação, rendição...
Troca de fluídos para os mais físicos, troca de conhecimento para os mais intelectuais, troca de experiências para os mais aventureiros, troca de energia para os mais espirituais.
Pelo plural, pelo binómio, se sorri para o despertador.
E músicas ganham novas histórias, há mais vida para contar, segredos incógnitos de uma conspiração improvável e o nascimento de uma nova existência que partilha o céu estrelado e o amanhecer, que comunga da meta para onde correr.
Areias são pós de perlimpimpim a saltitar na grama de um jardim, o forte em declínio um gelado de fruta à espera de derreter, o paredão não é um abismo mas sim um levitar, um chá parado à espera de se mexer.
Bénard da Costa diria que a arte é uma compensação para o terror que a vida inspira.
Poético, hein?
Eu acrescentaria: o Amor também.

3 comentários:

  1. Em estreia absoluta nos comentários cibernauticos: Adorei!

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  2. Algures no Norte uma cereja luminosa "over the rainbow"...:)

    South Hug & Kisses

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  3. Olá Rute... o meu primeiro comentário ao teu fantástico blog.
    Quero te dizer que adorei este texto e que a nossa ideia poderia começar por ele...
    O que achas?
    :)

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