terça-feira, 23 de junho de 2009

Pronúncia do Norte


Partida para o Porto na busca da missão interminada do mestre, a saber se é génio ou vagabundo.
Na jornada em que nunca me esqueci de ti, fui no caminho que atravessa o rio, pelo velho casario, até ao mar. Encontro em ânsias marcado, voando como o Jardel entre os centrais, calçada escorregadia até ao Rivoli.
Acordam as marionetas do mestre, quebrando o abismo vagabundo.
Rindo entre sardinhas, o destino é um cavaleiro-andante, um S. João das francesinhas, anfitrião bem-vindo e aconchegante.
A gaivota atravessa a rua com calma, não há fado atrasado que possa fintar o que está marcado.
As marionetas com mestria acordam o génio e diluem o vagabundo.
Mais tarde, enquanto se elevam no ar palavras vis, abraços doces reduzem malícia e criam laços, as pontes que querem unir duas margens sob o olhar atento do leito que tem como certo chegar ao mar.
E o mestre vagabundo já não tem génio para manobrar as marionetas...
Há muitas ondas para as mãos que habilmente podem mexer - acariciar e unir, bater ou apartar, convidar e anuir, sofrer ou enxugar.
Maõs de oiro sabem prender e, na hora certa, soltar.
E assim o segredo embrulhado em seda desvela o mestre e ilumina em tarde leda o amado génio vagabundo.

3 comentários:

  1. Ninguém o diria melhor que tu.
    Não tenho palavras...ganhei este Óscar e juro que não estava à espera.
    Obrigada...

    C (luar)

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  2. Grande Rui! Grande voz que dá a grandes poesias!

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  3. Olá Rute.
    Gostei muito do texto, és fantástica a escrever.
    Um beijo do Jonas

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