terça-feira, 15 de junho de 2010

Just can't get enough

Deste canto embaraçado falo do abraço. A uma mão, a um amor, a um mar, a um mundo. No geral um abraço é sempre o cerrar de um laço profundo. No geral um abraço é sempre o esmagar do ar que ocupa espaço entre nós, encurtando a distância através de compridos nós. No geral um abraço é o que me empurra e me aperta contra ti, sendo que deve ser exactamente por causa dessa forma cruzada que lhe chamamos carinhosamente um xi. Há também quem lhe chame amplexo... mas isso é estar a acrescentar erudição inútil a um conceito tão pouco complexo. Ainda assim, não quero com isto dizer que não seja uma arte motora com muita técnica, requerendo tantas vezes elasticidade tensora, inspiração e até iluminação cénica. Quem os vê de repente até pode pensar que se trata duma espécie de arte marcial em que os corpos se degladiam. Mas na realidade é a forma mais normal de amassar os afectos que se adiam. Os abraços são, no seu mais intenso querer, muito superiores a uma soma entre atacar e defender. Os abraços servem para contarmos às escondidas coisas que queremos lembradas. E também para comemorarmos jornadas de outras coisas que temos esquecidas. Os abraços têm os efeitos terapêuticos mais diversos e até ao momento não lhes foram reconhecidos traços imperfeitos ou resultados adversos. Ainda assim, os desejos de abraços trepam como larvas e fazem, muitas vezes, as pessoas escreverem sobre coisas parvas. Dependendo das ocasiões posso preferir dos que há mais gigantes ou outros dos que são mais pigmeus. Mas agora, mais do que antes, apetecem-me os teus.

2 comentários:

  1. Querida Ana:

    Adoro abraços!
    Assumo-me fã incondicional do amasso dos afectos :)
    Do encontro... do presente partilhado... do momento em que dois se querem um.

    Olha como brilhas!
    Sorrio

    Ana

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  2. Querida Ana:

    Como os adoramos, tu sabes!
    Este blog será oficialmente o lugar das mossas, dos amassos e dos amassados em geral... :)
    De todos esses momentos em que queremos ser um com mais alguém.

    Não brilho só.
    Beijo.

    Ana Rute

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