terça-feira, 31 de maio de 2011

Tempo de antena

Tempo de antena. Instantes que duram séculos. Como todos aqueles que nos impõem em regime ditatorial. Uma sequência violenta de mau gosto mal intencionado. Esquema estéril para exortar uma suposta capacidade de reflexão. Estratégia inútil para agendar a noção vaga de uma tal consciência cívica que não se aprende nem se aplica através da televisão.
Tempo de antena. Talvez cada um se devesse reservar esse direito. Seleccionar um punhado de minutos diários para infligir-se a si próprio de uma mensagem qualquer. Recordar-se do vago compromisso que cada qual deve assumir perante uma ideia mais ou menos liberta de identidade. Um esquema fértil de utilidade estratégica para quem conserve a aspiração de ser capaz de qualquer coisa.
Tempo de antena. Instantes que duram séculos. Resume-se a isto a versão quitada de uma ideologia. Os tempos em que se poupa na possibilidade de pensar. Retrato de uma bandeira vazia num comício sem púlpito governado por telecomando.  A austeridade do ridículo num momento em que as vidas estão sem orçamento para militar.

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