domingo, 15 de março de 2009

Andorinha

Com nome que já é em si uma espécie de diminutivo carinhoso para velhos parentes, chega para a reprodução a raínha dos dias quentes.
Chega com as flores, o pólen e os insectos do calor, os cheiros da Natureza, o pôr-do-sol que deliciosamente tarda e a estação do amor.
Penetra de preto e branco quando a paisagem se pinta de cor para lembrar que tudo se renova devagarinho. Por isso reitera o seu voto de liberdade mas também o compromisso com o ninho.
Como num poema, deixa em África a saudade de partir mas constroi nos beirais a alegria de voltar.
Diz o dito popular que mesmo que uma parta sem regresso, o ritual de todos os anos se mantém como um ciclo superior que sempre se repete. Como contava Alberto Caeiro, é esta a eternidade que o Universo promete.
Quem recorda Bordalo Pinheiro, lembra no abrigo da varanda, todos os dias do ano, que passadas as chuvas novas flores brotarão.
E, assim que a vemos voar, cremos nisso. Não?

1 comentário:

  1. Mais do que tudo...percebemos que muitas vezes voamos para ter novas experiências, conhecer horizontes longinquos, mas será sempre bom saber que temos um ninho para voltar.

    ResponderEliminar