Com nome que já é em si uma espécie de diminutivo carinhoso para velhos parentes, chega para a reprodução a raínha dos dias quentes.
Chega com as flores, o pólen e os insectos do calor, os cheiros da Natureza, o pôr-do-sol que deliciosamente tarda e a estação do amor.
Penetra de preto e branco quando a paisagem se pinta de cor para lembrar que tudo se renova devagarinho. Por isso reitera o seu voto de liberdade mas também o compromisso com o ninho.
Como num poema, deixa em África a saudade de partir mas constroi nos beirais a alegria de voltar.
Diz o dito popular que mesmo que uma parta sem regresso, o ritual de todos os anos se mantém como um ciclo superior que sempre se repete. Como contava Alberto Caeiro, é esta a eternidade que o Universo promete.
Quem recorda Bordalo Pinheiro, lembra no abrigo da varanda, todos os dias do ano, que passadas as chuvas novas flores brotarão.
E, assim que a vemos voar, cremos nisso. Não?
Mais do que tudo...percebemos que muitas vezes voamos para ter novas experiências, conhecer horizontes longinquos, mas será sempre bom saber que temos um ninho para voltar.
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