domingo, 1 de março de 2009

Vida de Cão

Como seria bom ter quatro patas bem assentes no chão, um faro irrepreensível para encontrar o que se procura e ser o inquestionável melhor amigo de alguém.
Ter a responsabilidade de guardar uma casa, arrumar objectos queridos de forma inalcansável, analisar forasteiros, trincar pernas marotas e receber festas de recompensa.
Como seria maravilhoso percorrer uma multidão desconhecida sem medo e ter uma trela bem segura à mão de quem amamos.
Alçar a pata para a vida, marcando o território de tudo o que nos interessa contra usurpadores e sentir tanto conforto em qualquer jardim como na sanita de nossa casa.
Como seria libertador partir de casa, saltando muros e quebrando correntes, rumo a uma expedição dolorosa e competitiva, por entre fugas, lutas e noites de insónia, pela paixão da nossa vida. E regressar após um mês de conquista sem mazelas nem problemas de consciência.
Como seria mais simples ladrar repetidamente para repelir quem não é de confiança e uivar nos momentos de saudade pela ausência de alguém.
E enfrentar com coragem o abandono, percorrendo os caminhos do frio, da fome e da solidão, sabendo que se fez tudo o que era humanamente possível.
E sonhar em liberdade o futuro que pode estar ao dobrar da próxima esquina.

1 comentário:

  1. A ideia de eu ter o nome de cão, é muito prejurativo, não me imagino amarrado a uma trela a ser passeado pela rua... o que iria gostar era dar uma urinadela na roda do carro do meu vizinho...
    Sempre gostei de ser livre como uma andorinha!

    Agora falando de coisas sérias!
    adorei o texto!

    o andorinhas

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